Mural na zona sul da capital paulista atrai muitos olhares e emociona pessoas que sentem o racismo na pele
Carioca de Vila Isabel, Glória Maria nunca morou em São Paulo, mas sempre teve uma relação próxima com a cidade.
Na maior metrópole do País, ela tinha muitos amigos e era vista frequentemente em festas e eventos profissionais.
Um de seus admiradores em SP é o artista plástico Gerri Allves, autor de inúmeras obras de arte urbana, incluindo homenagens a grandes talentos negros.
Fã do trabalho da jornalista na TV e de seu legado antirracista, ele a homenageou com um grafite no muro de uma transportadora.
O desenho fica na Avenida João Dias, 3639, em Santo Amaro, a poucos metros da estação de metrô Giovanni Gronchi, da Linha 5 Lilás.
O Sala de TV conversou com Gerri Alves.
Qual a importância de Glória Maria para você?
A Glória enfrentou o racismo de frente, quebrou barreiras e abriu caminhos. Para nós, negros, isso não é pouca coisa.
Como foi a escolha do local do grafite?
Por tudo que representa, a Glória merecia uma grande homenagem. Tinha que ser em um local de destaque, como é o caso da Avenida João Dias, local de passagem de muita gente que circula pela zona sul de São Paulo.
Quantas horas para fazer o mural? Teve patrocínio?
Foram cinco dias de trabalho. O grafite faz parte de um projeto de revitalização por meio da arte da Prefeitura de São Paulo, com execução da EcoSampa, empresa prestadora de serviços na área de limpeza urbana. Fiz o mural com a ajuda de dois artistas, Luis Fernando e Uelison Santos.
Qual a reação das pessoas ao ver o grafite sendo feito?
Foi a melhor parte. O grafite fica perto de uma estação de metrô. Eu vi as pessoas parando para admirar, comentar, fazer fotos. Recebi muitos elogios.
Qual mensagem quer passar com a obra?
Além de homenagear o riquíssimo legado da Glória Maria, construído com luta e superação, quero inspirar as pessoas a entenderem que não importa onde e como estajamos, podemos sim ocupar locais de destaque e conquistar nossos objetivos.
Você é artista há quanto tempo? Quais outros famosos já grafitou?
A arte me acompanha desde criança, mas vivo dela há dez anos. Já grafitei vários artistas, inclusive a atriz Daniella Perez (assassinada em 1992), filha da Gloria Perez, que me ligou para agradecer, emocionada. Meu grafite dos integrantes do grupo Mamonas Assassinas despertou uma reação incrível dos familiares deles. Alguns viraram amigos. Foi gratificante também homenagear o poeta Bráulio Bessa (do programa ‘Encontro’), que também se emocionou ao agradecer. A atriz Zezé Motta fez questão de ir pessoalmente ver o grafite dela. Da imprensa, fiz os jornalistas Marcos Clementino (ex-RedeTV! e TV Cultura) e Thiago Simpatia (repórter da Globo).
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